segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Jornadas de Transformação Social

O mundo teve que aderir a uma série de novas formas para poder atender às novas exigências e demandas dado o avanço tecnológico e o efeito pandemia. A forma de enviar mensagens, capacitar e treinar pessoas, divulgar produtos e serviços, bem como realizar eventos e feiras passou ao modo virtual/remoto ou “online”. Tudo isso se deve à pandemia ou à tecnologia? Talvez a ambas, afinal sem a pandemia não saberíamos que tudo isso seria factível, no entanto, sem a tecnologia não seria possível criar esse novo cenário. O fato é que a pandemia só veio mostrar o que já era possível e que já estava sendo praticado por alguns setores ou por uma pequena parcela do mundo. Felizmente ou infelizmente, a pandemia forçou mudanças e provocou novos hábitos e comportamentos de uma forma abrupta e não planejada. Mas a pergunta que fica é: Será que todos estavam ou estão preparados para esse novo modelo? Quais as consequências dessas mudanças no âmbito social?

Tenho uma live agora, participarei de um podcast, preciso publicar nas mídias o evento...Tudo acontecendo ao mesmo tempo e o tempo todo.

Estamos migrando a novos modelos e temos que, rapidamente, nos adaptar. E essa adaptação afeta toda a sociedade potencialmente produtiva, aquelas que ingressarão no mercado de trabalho, os mais velhos que estão buscando outro estilo de vida com os seus afazeres e ainda aqueles que dependem desse sistema de alguma maneira para suas vidas cotidianas.

As Jornadas de Transformação dos Ecossistemas

Novas formas para poder atender às novas exigências e demandas dado o avanço tecnológico e o efeito pandemia

Dessa forma, podemos dizer que toda a sociedade está sendo afetada drasticamente por essas mudanças. Temos mudanças em função da tecnologia em diversos setores, não apenas nos modelos de negócios e nas empresas, mas na genética, na biologia, na ciência em geral, nos serviços prestados à sociedade, nas formas de entretenimento, dentre outras.

E os efeitos desse novo cenário tem consequências. Apontarem algumas que queremos explorar nesse artigo:

  1. O fator emocional que essa mudança traz e está trazendo às pessoas, com foco especial às novas gerações que estão sendo “bombardeadas” diariamente por informações, dados, fórmulas prontas, pressionando os jovens quanto às opções e escolhas profissionais;
  2. O preparo da sociedade, de maneira geral, para “navegar” nesse universo. Quando falamos de preparo, nos referimos ao acesso aos recursos necessários, por exemplo, as capacidades relevantes para acompanhar e atuar nas novas dinâmicas de trabalho e as habilidades desejáveis para estar em sintonia e harmonia com o novo contexto.

A primeira consequência – Fator Emocional – nos gera maior preocupação, pois se trata de um aspecto “intangível” ou da esfera mais sutil a ser tratada. Temos sentido nas “falas” dos jovens o receio de não se encaixar no que é esperado, a necessidade constante e agoniante de buscar seus diferenciais para poder se destacar e obter um trabalho ou emprego. Ou ainda, a “sombra” do ser empreendedor, competência que virou moda e passa a ser adotada pelos professores e mídias como uma solução aos jovens na busca de se diferenciar e encontrar seu caminho profissional. Mas será que todos nasceram para empreender? Será que possuem as capacidades e habilidades necessárias? Enfim, esse contexto vem gerando uma certa pressão e maior ansiedade nas novas gerações, que também notam que há menos oportunidades no mercado, seja pelos avanços tecnológicos ou devido a outros fatores. E além disso, é uma geração que não se vê aderindo aos modelos lineares de carreira dos anos 80/90. Bom, pode parecer exagero, mas não é. Esses sentimentos estão sendo expressados pelos jovens, que se preocupam e se sentem cada vez mais angustiados e ansiosos pelo que virá e pelo que terão que fazer para se “diferenciar” e se posicionar na vida profissional.

E como será que se sentem as demais pessoas dentro dessas mudanças? E os mais velhos? E aqueles que perderam suas oportunidades no mercado por centralizações, robotizações, digitalizações? Enfim, diversas questões diretamente relacionadas ao âmbito social que merece atenção e ações. São efeitos que surgem de forma abrangente e impacta uma grande quantidade de pessoas. Talvez aquelas pessoas que tenham mais autoconhecimento e melhor visão de mundo consigam conviver mais facilmente nesse contexto, enquanto que outros poderão entrar em desespero, perder as referências e se sentir mais desamparados.

Ainda sobre essa consequência do campo emocional nos indivíduos, surge uma questão relacionada aos atores responsáveis por prover soluções para essa necessidade. Quem deveria arregaçar as mangas para tomar certas ações?

Quem deveriam ser os atores principais? Qual seria o papel deles nesse processo? Seria o governo? As instituições de ensino? Ou ambos juntos? As organizações privadas?

Jornadas de Transformação dos Ecossistemas - Atores

Enfim, não temos a resposta correta, mas trazemos a preocupação e levantamos os questionamentos para expandir a consciência dos envolvidos. É válido ressaltar que, dependendo da localidade do Brasil, a situação pode ser ainda mais agravante. O foco no desenvolvimento emocional da sociedade para lidar com esse contexto de constantes mudanças é essencial para o bem-estar da população e para o progresso e crescimento econômico do país.

Não temos todas as respostas para mitigar a questão (1) Fator Emocional. Mas, estamos conscientes de que é preciso colocar uma lupa sobre essa questão e atuar de forma sistêmica, com planos e estratégias eficazes. Quem sabe o aumento de atendimentos nas clínicas terapêuticas e psiquiátricas poderiam ser reduzidos. Talvez a quantidade de crises emocionais como depressão, síndrome do pânico, fobias, etc possam ser minimizadas. Pode existir uma relação direta entre a forma que o mundo está “evoluindo” e o aumento das estatísticas da saúde mental. Pode ser…Trazemos a conexão somente para refletir, pois não queremos entrar nessa esfera, apenas mencionar que os efeitos podem ser percebidos e desencadeados em outros âmbitos sociais mais complexos.

Bom, deixamos descansando esse ponto por enquanto e partimos para analisar, sem pretensão de tornar uma fonte científica, os prós e contras dos avanços tecnológicos de maneira geral. Elaboramos uma lista do que consideramos pontos positivos e uma outra dos efeitos não tão benéficos da tecnologia e das mudanças avassaladoras dessa nossa era:

  • Meios de comunicação mais rápidos, eficazes e por um custo mais baixo;
  • Possibilidade de menor deslocamento nas cidades em função dos serviços em casa, homeoffice e do acesso à Internet;
  • Menor poluição nas grandes cidades devido à diminuição dos carros e trânsito de pessoas;
  • Avanços significativos na ciência para tratamentos específicos e suportes às doenças físicas complexas (próteses robotizadas, etc);
  • Dados e informações que podem ser analisados de forma mais sistêmica e inteligente para tomada de decisões;
  • Acesso fácil e rápido à informação, para quem tem condições de adquiris os recursos tecnológicos;

Enfim, poderíamos listar mais benefícios e vantagens. Talvez algumas nem conseguiríamos identificar. No entanto, temos a lista do que não consideramos vantagens e/ou benefícios para compartilhar:

  • Aumento significativo do individualismo nas grandes cidades em função do acesso diário aos meios de comunicação e mídias;
  • Mal-uso da tecnologia, dependendo do nível de consciência de quem a usa;
  • Excesso de angustia e ansiedade na sociedade, especialmente nas novas gerações devido à velocidade;
  • Ampliação da diferença social, permitindo que alguns poucos tenham acesso e a maioria não;
  • Desconexão do homem com ele mesmo e com o meio ambiente;
  • Postos de trabalho repetitivos e muito operativos sendo eliminados ou substituídos, gerando desempregos;
  • Dentre outros que podemos refletir e apontar.

No Livro SAPIENS – Uma breve história da Humanidade do autor e professor Yuval Noah Harari, acompanhamos a evolução da humanidade por meio das Revoluções: Cognitiva, Agrícola, Científica, Industrial e Humanista, na visão dele. E a todo instante, ele traz reflexões sobre o fato de realmente estar evoluindo e os impactos desse processo na humanidade e sociedade.

Somando essa visão das Revoluções com as 2 consequências que apontamos no início desse artigo, queremos dizer que surgem diversas “brechas” sociais no mundo e, em especial nos países considerados não desenvolvidos como o Brasil. Brechas que precisam de alguma ação e intervenção para acomodar melhor a população e a sociedade. Se vê oportunidades de desenvolvimento social que podem sustentar essa evolução de forma mais integrada e consciente. Mas será que alguém está olhando para isso? Existe essa preocupação nos atores que poderiam contribuir com ações eficazes?

E partindo para o tema (2) Preparo da sociedade, com foco no Brasil, apontamos diversos tópicos que estão emergenciais. Para que possamos acompanhar tantas mudanças que vem acontecendo, será preciso de reinventar criando condições para que a sociedade de forma geral esteja melhor preparada. Para dar o passo do crescimento e da evolução tecnológica é essencial iniciativas focadas no desenvolvimento social. Isso implica em capacitar as pessoas para atuar nesse novo modelo, prover acesso aos recursos de qualidade, básicos e necessários para poder operar com as novas tecnologias, expandir o modelo mental das pessoas sobre o que significa estar nessa nova era e diminuir a diferença social que tende a crescer com a digitalização e implementação de tecnologia no Brasil em todos os setores.  Também significa mudar o modelo de atuação operativa e repetitiva para capacidades mais analíticas que transformem os dados e informações em conhecimento aplicado. E por fim, a necessidade de que todos compreendam que é preciso sair da zona de conforto, buscar seus talentos verdadeiros e começar a agir com confiança e segurança.

As brechas sociais tendem a aumentar, e muito, com essa evolução. E se não for feito nada ou muito pouco, os impactos serão sentidos e percebidos por todos. E as consequências poderão não ter solução efetiva.

Como identificar os grupos afetados e, cuidadosamente, desenhar soluções sociais para que possam acompanhar esse “progresso”?

É fundamental um plano de ação para endereçar os pontos acima mencionados. E para começar é preciso identificar os grupos afetados e as necessidades de cada um para desenhar uma Jornada de Transformação que consista de peças essenciais com foco no desenvolvimento emocional e o preparo dos envolvidos. Para que tenha sucesso nesse processo de crescimento e mudanças, o Brasil precisa desenvolver um olhar mais amplo, que inclua e priorize o social. Caso contrário, continuaremos correndo atrás do crescimento sem preparo e condições de se constituir numa sociedade integrada, preparada e madura. Não será possível um crescimento econômico sustentável sem o investimento no social.

Será que estamos desenhando Jornadas de Transformação para os ecossistemas de cidades, municípios, estados que convergem para esse propósito?

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