terça-feira, 2 de agosto de 2022

Será que não há uma exigência excessiva nas organizações sobre o líder?

Essa questão surgiu durante vários momentos em que trabalhamos com times de liderança e processos de desenvolvimento de equipes nas organizações. E renasce todas as vezes que atuamos com a expansão do autoconhecimento nos nossos Programas de Desenvolvimento Humano e Organizacional. E você sabe por que?

O motivo é que observamos uma exigência enorme sobre as costas dos líderes na rotina de trabalho das empresas. São exigências por resultados que necessitam desenvolver equipes de forma diferenciada para atender as aceleradas mudanças ditadas pelo mercado de maneira geral. Já não é uma tarefa fácil liderar pessoas, porém nesse contexto frenético de mudanças e transformações menos ainda. E as mudanças requeridas passam sempre por competências e capacidades e não conhecimentos técnicos. E é aí que está a grande questão da sobrecarga nos líderes, pois desenvolver essas esferas nos indivíduos passa por atuar no autoconhecimento de cada profissional. Será que as empresas e líderes estão preparados para esse olhar? Para esse aspecto fundamental que suporta o desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades sutis que são requeridas?

A Sobrecarga da Liderança

Motivos das Lideranças estarem Sobrecarregadas

Bom, não vamos responder de forma afirmativa essa questão, mas podemos sugerir que não estão na totalidade. Afinal, as empresas colocam pouca atenção e energia no desenvolvimento do autoconhecimento dos seus colaboradores. E não só as empresas, mas o sistema de educação como um todo. E, ampliando um pouco mais, a sociedade de maneira geral não se interessa tanto pelo autoconhecimento como comunidade. Infelizmente, porque é a peça-chave para propiciar desenvolvimento e evolução nos seres humanos. Deveria ser entendida como a narrativa do futuro. No entanto, não é uma prioridade.

Mas voltando ao tema dos líderes nas organizações, queremos enfatizar que os desafios são enormes pelos motivos abaixo que preferimos elencar para ajudar a formar a imagem da situação:

  • Os líderes, muitas vezes, não estão preparados para lidar com o autoconhecimento para o exercício do seu próprio papel e menos junto às equipes;
  • As empresas não priorizam o tema no plano estratégico de desenvolvimento;
  • As equipes, na maioria das vezes, não estão preparadas e abertas para acessar o autoconhecimento no seu processo de desenvolvimento humano para atingir os resultados da empresa.

Por essas razões, a liderança acaba se sentindo pressionada e impotente, algumas vezes, por não dispor dos recursos para levar as equipes aos resultados esperados. E, por vezes faz uso de técnicas ou controles ineficientes para cumprir com as exigências. No final, não desenvolve as equipes e nem a si mesmo, podendo gerar uma certa tensão e estresse.

A efetividade do exercício da liderança depende também do grau de maturidade das suas equipes. Liderar equipes que não conseguem se desenvolver ou que não estão abertas e interessadas no autoconhecimento e autodesenvolvimento é uma barreira para as lideranças, já que esse processo é uma mão dupla e não unilateral. Se as pessoas não estão sendo motivadas e estimuladas ao exercício do autoconhecimento nas organizações, as metas dos líderes e os resultados de desenvolvimento e mudanças poderão morrer na praia.

O desenvolvimento da capacidade de autoconhecimento de um ser humano não está na descrição de cargo do líder das organizações.  A maioria da liderança está preparada para definir metas, estabelecer objetivos, realizar os processos de avaliação de performance anual, prover feedback, mas definitivamente não vemos a liderança atuando na expansão da maturidade das suas equipes. Alguns líderes, talvez, arriscam essa ação quando possuem certa habilidade, porém nem todos estão preparados e orientados a esse aspecto do desenvolvimento humano. E por que não? Primeiro pelo que já comentamos acima, que não estamos e não fomos preparados para lidar com essa esfera na nossa vida. E, segundo, porque demanda muito esforço, energia, tempo, arte e dedicação.

Olhando sob essa perspectiva vemos onde reside a dificuldade de desenvolver equipes de alto desempenho. Para isso, é preciso desenvolver a maturidade e os aspectos sutis das equipes. Pode ocorrer, é claro… mas liderar não é somente desempenho, é desenvolvimento, já que ambos caminham juntos. E quando se trata de desenvolver o autoconhecimento, estamos falando de aperfeiçoar as capacidades humanas, comportamentos, atitudes, visão de mundo, postura, etc. Ou seja, para que eu consiga que minha equipe tenha uma visão diferente sobre o cliente, sobre o mercado, sobre a análise dos dados, é preciso que mudem comportamentos, modelos mentais e atitudes. Aspectos que dependem do autoconhecimento para que a pessoa possa visualizar o estágio em que se encontra de conhecimento e capacidade para, depois, começar a atuar de forma diferente. Passa, primeiramente, pelo processo de “desprogramação” dos comportamentos e modelos mentais cristalizados. Não é da noite para o dia e demanda tempo, foco e um olhar ao interior.

Sobrecarga da Liderança

Será que a liderança está sobrecarregada pela falta de maturidade e preparo da equipe ou pela ausência de recursos para lidar com o desenvolvimento do seu time?

Logo, as exigências que estão impostas aos líderes nas organizações acabam sobrecarregando e tornando o líder num “burro” de carga, que tenta resolver os temas da equipe sem muita eficácia. Muitas vezes, acaba assumindo as atividades operacionais em função da ineficiência do time. Fica mergulhado num monte de temas que não deveria ao invés de estar voltado a assuntos mais estratégicos, como por exemplo buscar o desenvolvimento das pessoas.

Hoje, com o aumento das exigências por resultado e a necessidade constante de transformação para se adaptar ao mercado, faz com que as lideranças acabem se perdendo na maneira de lidar cm suas equipes. As exigências vêm por meio de projetos e necessidades de desenvolvimento de diversas formas, tais como: (a) as equipes têm que ser mais analíticas, (b) deve trabalhar com os dados de forma mais estratégica, (c) precisam atender melhor o cliente, (d) devem ser inovadoras e criativas, (e) necessitam atuar de forma integrada e autônoma, e assim por diante. Todas essas necessidades estão relacionadas diretamente com as capacidades sutis e humanas, que não se transforma e nem se desenvolvem de um mês a outro e precisam que as pessoas tomem consciência para que possa acontecer na prática.

Será que as lideranças possuem o tempo necessário para desenvolver suas equipes? Será que estão equilibradas o suficiente para desempenhar esse papel?

Infelizmente, não acreditamos que os líderes estejam dedicando tempo para o desenvolvimento das suas equipes. Vemos a liderança atolada em reuniões e “metidas” em assuntos operacionais do dia-a-dia muito menos do que orientada a definir estratégias para desenvolver seu time. É preciso que os líderes priorizem essa atividade que é essencial para que os resultados sejam obtidos, bem como que as equipes sejam preparadas para uma maior abertura para o processo de autoconhecimento e desenvolvimento.

Então, qual o caminho de solução para a liderança e suas equipes diante desse cenário? Como podemos suportar os times? Será que existe suporte das áreas de RH, Talentos, Gestão de Pessoas para prover as soluções para que isso aconteça? Será que existem Programas orientados para o autoconhecimento em ambos públicos: líderes e equipes? Será que é dado o tempo e condições para que o tema seja discutido, aperfeiçoado, “treinado” dentro das organizações?

Ao invés de darmos as soluções, deixamos essas questões para você, que lidera uma equipe ou que faz parte dela, possa refletir sobre alternativas. Provocamos esse tema dessa forma porque acreditamos que para que as organizações consigam os resultados que estão sendo exigindo e sendo definidos no plano estratégico para se posicionar no mercado, será preciso adotar e incorporar novas práticas e abordagens para o desenvolvimento dos seus colaboradores. Pense sobre isso!

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