quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Qual modelo de líderes devemos desenvolver para o futuro?

Um futuro que já estamos vivendo numa nova realidade faz tempo. Um momento em que diversas mudanças estão ocorrendo e modificando, de forma drástica, as relações no ambiente de trabalho. Essas mudanças não se referem apenas aos efeitos ocasionados pela pandemia, mas ao frenético avanço tecnológico que se expande e altera as organizações, as profissões, as capacidades e a dinâmica de interação das empresas com o mercado e seus trabalhadores. O perfil dos profissionais, de forma geral, está mudando. As capacidades do futuro já não são mais as mesmas que antigamente. Que estavam mais focadas nos conhecimentos e habilidades técnicas. As máquinas estão substituindo o que o ser humano realiza, especialmente as tarefas repetitivas e operativas, enquanto que a IA (Inteligência Artificial) começa a invadir um espaço que, antes, era ocupado pelo homem. Pouco a pouco vamos observando o movimento rápido e desenfreado desse processo. Talvez no Brasil ainda menos, mas quando olhamos para fora, especialmente para os países que investem nessas tecnologias, vemos os impactos e os efeitos. Não devemos olhar para esse cenário como algo negativo, mas sim começar a refletir sobre o que será esperado para que possamos estar melhores preparados desde já.

Liderança do Futuro

Qual modelo de líderes devemos desenvolver para o futuro?

Cada vez mais, percebemos a necessidade de certas capacidades que foram sendo esquecidas e menos usadas nas organizações. E não estamos falando de coisas complexas, mas daquelas mais simples e essenciais que todos os seres humanos possuem, tais como: gerar e estabelecer relacionamentos, escutar ativamente o outro, atuar de forma colaborativa e cooperativa, se comunicar, analisar e saber criticar, bem como a arte de facilitar grupos em discussões com o objetivo de obter consenso para alcançar um objetivo comum. Um trecho extraído do livro 21 lições para o século XXI de Yuval Noah Harari traz mais luz ao tema. Ele diz: “Para poder acompanhar o mundo de 2050 você vai precisar não só inventar novas ideias e produtos – acima de tudo, vai precisar reinventar a você mesmo várias e várias vezes”.

Ou seja, cada vez mais teremos que olhar para dentro de nós mesmos e atuar na abertura à mudança e maior flexibilidade. Os fatores pelos quais nos contratavam antes, talvez não sejam mais relevantes no futuro. E a forma que atuamos hoje, provavelmente não seja mais requerida e nem necessária no futuro. Não estamos falando dos nossos conhecimentos, mas dos nossos comportamentos, atitudes, postura e a forma de encarar os desafios e a vida.

E aí então, volta a questão central desse artigo: Qual modelo de líderes devemos desenvolver para o futuro?

Com certeza, os líderes deverão adotar uma postura e possuir atitudes diferentes das que estão habituados e foram “ensinados” a colocar na prática junto às suas equipes.  A dinâmica do trabalho está mudando. O perfil das gerações mais novas é distinto. As relações virtuais requerem outra forma de atuação, não só de ferramentas para nos conectarmos, mas de uma maneira de liderar e gerir equipes diferenciada. A velocidade com que os processos e negócios mudam, exigem outras competências dos líderes. Além de possuir algumas habilidades e capacidades que deveriam formar parte do portfólio dos líderes, tais como: dar direção, inspirar, prover feedback, identificar os talentos e distribuir as tarefas, bem como desenvolver pessoas, os líderes terão que olhar para dentro e entender que o cenário é outro. Precisarão rever sua postura de liderança nesses novos contextos. Antigamente, ter informação era poder. Hoje, a informação está disponível em diversos meios de busca e canais que a maioria tem acesso. A complexidade do mundo, dos negócios e das organizações está aumentando. Isso traz e exige um novo olhar da liderança.

Se liderar significava ter informação, controle e poder, hoje e no futuro que já vivemos, não servirá de nada. O líder não será o centro, mas provavelmente as “pontas” e o facilitador da equipe. Ele não terá que controlar ou dirigir. Talvez estará assistindo e facilitando. Ele não conseguirá saber tudo, pois saber tudo está cada vez mais complexo, se é que algum dia soubemos algo. Ele não será capaz de acompanhar todos os avanços, por isso terá que dar espaço aos demais para que possam expressar seus talentos e aportar suas contribuições. Essa postura é igual ao modelo de líderes que vemos nas organizações hoje em dia? Muito provavelmente não, porque não estamos educando os profissionais nessa direção ainda e nem os líderes compreenderam o que é preciso desenvolver. Afinal, esse tipo de mudança exige um outro pilar: o do autoconhecimento. Olhar para dentro para avaliar como estou operando frente aos contextos que estão surgindo e se modificando. Nem sempre é fácil, pois estamos falando de atitudes e comportamentos mais profundos. E não fomos treinados a desenvolver o autoconhecimento, infelizmente. Fomos capacitados e preparados para controlar, dar ordens, ser sistemáticos, estruturar e acreditar que estamos no centro do poder.

Uma outra passagem significativa do livro do Yuval Harari, 21 lições para o século XXI, diz respeito ao que temos que ensinar aos jovens para navegarem no futuro. A questão provocativa que ele deixa é: “O que deveríamos estar ensinando aos jovens para o futuro diante desse cenário?

Líderes do Futuro

E como resposta ele diz que muitos especialistas em pedagogia alegam que deveriam ser os 4 Cs:

  • Comunicação
  • Pensamento Crítico
  • Colaboração
  • Criatividade

Será que os líderes estão desenvolvidos o suficiente nessas capacidades para receber os futuros jovens? Será que conseguirão, eles mesmos, se ressignificar para agir sob esses 4Cs? São questões sutis e delicadas que são colocadas como desafios aos futuros líderes.

Portanto, que modelo de líderes precisamos desenvolver? Nossa crença é que liderar exigirá muito autoconhecimento e humildade. Muita sabedoria e não só conhecimento e experiência. Muita arte e consciência para lidar com os diferentes perfis e cenários, bem como contextos.

Para sustentar um pouco mais nosso tema referente à liderança do futuro, trazemos um novo trecho extraído do mesmo livro do autor Yuval Harari, onde ele amplia a atuação da liderança, obviamente, numa esfera maior ao falar os poderes políticos e dos governos, mas que servem para a liderança das organizações:

“Sobre a liderança do nosso momento atual: Os líderes ficam presos num dilema. Se permanecerem no centro do poder, terão uma visão extremamente distorcida da vida. E o problema só vai ficar pior. Nas próximas décadas o mundo será ainda mais complexo do que é hoje. Consequentemente, indivíduos humanos – sejam peões ou reis – saberão ainda menos sobre as engenhocas tecnológicas as correntes econômicas e as dinâmicas políticas que dão forma ao mundo. Como observou Sócrates há mais de 2 mil anos, o melhor que podemos fazer nessas condições é reconhecer nossa própria ignorância individual”.

Liderança do Futuro

E para você, colocamos algumas reflexões finais, com o objetivo de olhar para dentro: Qual modelo de liderança você está exercendo? Você acredita estar preparado (a) para atuar nos contextos do futuro? Quanto você dedica de tempo para seu processo de autoconhecimento?

E é válido refletir também sobre a nossa capacidade de ser vulnerável ao estar liderando pessoas nesse futuro. Afinal, a imagem da liderança não será mais a figura da máquina no centro, mas da força do centro interior do líder em pleno funcionamento.

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