quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

A Vulnerabilidade e as Jornadas de Transformação

Ao assumir um desafio de transformação humano ou organizacional a questão da vulnerabilidade deve entrar em cena, pois sem ela os obstáculos serão maiores. Mas como incluir e lidar com a vulnerabilidade nas Jornadas de Transformação?

Como em todas as Jornadas que facilitamos, não existem fórmulas, mas tomamos o cuidado de incluir nas nossas abordagens e soluções as pílulas sutis da vulnerabilidade. Para que haja transformação é preciso alterar o status quo. Mudar padrões, soltar comportamentos e atitudes que não servem mais, ressignificar hábitos e tarefas ou processos, dentre outras mudanças. E para que isso aconteça, as pessoas terão que estar suscetíveis e vulneráveis, caso contrário as resistências aumentarão, podendo dificultar a Jornada de Transformação. O fator relacionado à vulnerabilidade deve permear a solução e estar presente nas iniciativas que moverão as pessoas e a organização ao estado futuro.

A vulnerabilidade é um componente fundamental para os processos de transformação humano e organizacional

A vulnerabilidade está muito presente em estudos da psicologia humana, mas ultimamente estamos encontrando o termo em artigos e livros orientados ao mundo corporativo. Muitos deles fazendo menção ao tema sob a ótica da geração de relações de confiança, sobre a arte de liderar e sobre a melhoria do trabalho em equipe. Começamos a perceber que a vulnerabilidade é uma peça essencial para as relações humanas dentro dos sistemas empresariais e corporativos.

A vulnerabilidade como um componente fundamental para os processos de transformação

Como neutralizar a luta da resistência num processo de mudança?

O termo foi tratado pelo professor James Davis, PHD em Estratégia Corporativa e Marketing da Universidade de Utah, com áreas de pesquisa e conhecimento também em Governança Corporativa e Confiança. Num vídeo do TEDx que James fala sobre confiança, ele aponta a vulnerabilidade como um pilar relevante para a geração de relações de confiança entre as pessoas. Ele menciona que é preciso demonstrar vulnerabilidade para correr os riscos que permeiam quando estabelecemos uma relação de confiança, ou seja, para gerar uma relação de confiança você correrá certos riscos sempre, por isso terá que verificar o nível de vulnerabilidade que possui para se abrir e enfrentar esses riscos. Sem a vulnerabilidade torna-se mais difícil estabelecer confiança. Quão vulnerável você é para assumir os riscos que existem na geração de relacionamentos? Como nos relacionar sabendo que podemos nos decepcionar e nos frustrar com as outras pessoas, caso haja perda de confiança?

Além disso, podemos encontrar a vulnerabilidade no livro de Brené Brown chamado A Coragem de ser Imperfeito, que reforça a importância do tema sob a ótica do autoconhecimento para melhorar as relações entre os indivíduos, com foco na busca da autoconfiança e da auto aceitação. Nesse livro, a autora destaca alguns elementos que inviabilizam a vulnerabilidade, tais como: vergonha, humilhação, culpa e constrangimento. E explica, por meio de uma linguagem simples baseado nos resultados das suas pesquisas, as barreiras que criamos e temos para permitir sermos mais vulneráveis na vida.

A autora, além das palestras para pessoas civis e público aberto, começou a ser convidada por empresas para explorar o tema da vulnerabilidade com foco no modelo de liderança e para a melhoria das relações internas.

Trazendo o termo de novo para nosso contexto de Jornadas de Transformação, o que podemos afirmar é que a resistência aumenta quando as pessoas têm um menor nível de vulnerabilidade, porque permanecem mais fechadas e menos receptivas às mudanças e ao novo. Do ponto de vista do indivíduo, quando isso ocorre, nasce e se instala uma luta interna com ele mesmo e, consequentemente, com o entorno. Ao projetar o baixo nível de vulnerabilidade num contexto mais amplo, como uma organização, a mesma se tornará mais estática e estagnada frente às mudanças e transformações. Quanto menor for a vulnerabilidade da organização, maiores serão os obstáculos para promover a transformação requerida ou desejada. E, é lógico que, quando falamos da organização, estamos colocando em destaque a alta liderança ou os donos.

Como neutralizar a luta da resistência num processo de mudança? Como deixar que a transformação ocorra de forma mais suave e natural?

Vulnerabilidade e as Jornadas de Transformação

Essa luta sempre vai existir, afinal o ser humano não está desenhado para mudanças constantes e frequentes. Ele prefere manter o status quo, mesmo que isso ocorra de forma inconsciente. Como resultado, essa batalha pode prejudicar o processo de transformação, fazendo com que surjam mais conflitos e bloqueios durante o percurso ou mesmo inviabilizando a mudança. O lado da resistência pode ganhar a luta no ringue se não trabalharmos a vulnerabilidade das pessoas envolvidas, com o objetivo de que estejam mais seguras, confiantes e melhores preparadas para aceitar o novo e vivenciar as novas oportunidades.

Entretanto, a vulnerabilidade é única e pertence a cada indivíduo. Cada um traz seus mecanismos de defesa para evitar estar vulnerável e atua conforme suas regras, normas e crenças estabelecidas e cristalizadas. Para romper a fechadura, serão necessárias estratégias sutis e harmônicas. Porém, dentro de uma organização, será recomendado encontrar aliados e vínculos fortes com a transformação desejada para impulsionar essa abertura de forma espontânea. Se a empresa fomenta esse tema internamente, o processo será mais fácil. No entanto, se não é parte da cultura da organização fomentar o tema da vulnerabilidade no dia-a-dia das pessoas, esforço e energia serão demandas.

É uma arte tornar as pessoas mais vulneráveis, já que a vulnerabilidade está associada ao meio, aos padrões estabelecidos que são impostos e que as pessoas, inconscientemente, se fecham ou assumem como verdade certas atitudes, pensamentos e crenças, sem permitir que sejam elas mesmas. Ser vulnerável se trata de estar o mais próximo de quem você é verdadeiramente, com todos os defeitos e imperfeições, bem como debilidades e deficiências. Num processo de transformação, esses aspectos sempre vêm à tona porque demanda das pessoas sair da zona de conforto, se expor mais, mostrar suas fraquezas, muitas vezes, ter que aprender algo novo, soltar alguma atitude ou comportamento. Se existem muitas amarras que fazem com que as pessoas não saiam das suas cavernas e armaduras, o movimento será mais lento e aumentará a intensidade da resistência.  

Para processos de transformações, quanto mais trabalhamos na vulnerabilidade dos envolvidos, mais ganhamos espaço para mover a empresa rumo à nova direção, deixando para trás certas marcas, máscaras e padrões que já não são mais necessários e úteis. Isso implica energia, sabedoria e arte. Arte para atuar nos campos invisíveis e sutis, tanto da cultura organizacional quanto dos envolvidos no processo.

Como tratar as sutilezas da vulnerabilidade numa Jornada de Transformação Organizacional?

Para essa questão existem diversas abordagens e soluções, mas sob a perspectiva da vulnerabilidade, que é o foco desse artigo, podemos dizer que, parte das ações definidas na Jornada devem conter processos que facilitem o acesso à vulnerabilidade de cada pessoa envolvida. Isso significa que os Programas, Workshops, mensagens e iniciativas desenvolvidas para suportar a Jornada devem permitir e fomentar o autoconhecimento, o olhar para dentro para que facilite compreender o estado atual e os mecanismos de defesa frente a um processo de mudança, que está, muitas vezes, conectado com a vulnerabilidade. Ajudar as pessoas a reconhecer a sua própria vulnerabilidade frente às transformações que ocorrerão, permitirá maior nível de consciência e abertura.

Isso não significa que todos evoluirão no mesmo ritmo e velocidade. Cada indivíduo terá o seu processo particular, mas também deverá estar consciente de que a empresa determina uma nova direção, que deverá exigir mudanças num tempo que será estabelecido e compartilhado entre todos.

Deixamos uma reflexão para que você pense sobre a sua vulnerabilidade para enfrentar Jornadas de Transformação, seja na sua vida ou numa organização onde atue profissionalmente.

Vulnerabilidade e as Jornadas de Transformação - Máscara

Qual o seu nível de vulnerabilidade? Quão próximo você está do seu verdadeiro EU nas relações que estabelece? Quão aberto (a) você se considera para abrir espaços para novos comportamentos, atitudes, relações, padrões e pensamentos? Quais são as suas defesas quando se sente vulnerável?

O que a sua vulnerabilidade diz sobre processos de transformação na sua vida? Ela está preparada para expor as suas fraquezas, debilidades e defeitos, caso seja exigido ou demandado? 

Ser vulnerável para mim é ……………………………………………………… Deixamos esse espaço para você classificar o que é significa se sentir vulnerável.

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